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quarta-feira, 9 de março de 2011

MOMO, NOEL, SACIS E CRIANÇAS...






Partindo da falsa premissa de que Momo, um deus pagão, é quem arrasta as multidões no carnaval, muitos religiosos declaram o apocalipse, o armagedom e outras escatológicas hecatombes universais, como punição aos festejos que hoje findam. (Findam mesmo?)


Para os que brincam, como eu, de forma lúdica, pueril, sem dor de consciência, sem maldade ou violência; para os que levam suas crianças, cheias de encantadora alegria, para os pólos infantis; para os foliões de alma pura e serena, eu lhes confirmo o óbvio: Momo é pura fantasia.


Brinquei e creio ser essa a mais saudável forma de viver essa festa: brincar. Tenho pena dos superegões empedernidos, que ficam a tentar nos tolher, nos castrar, acenando com a ira divina. São eles os mesmos que endeusam o Papai Noel em plena festa dedicada ao Menino Jesus. E eu vos digo que Momo nem chega perto do Santa Claus, em matéria de ibope. Noel sim, é uma doideira. Uma carnavalização da festa cristã, baseada numa lenda que rouba toda a atenção que deveria ser do aniversariante.


Essa postagem vai endereçada aos que vivem de mau-humor, aos que não sabem mais brincar como crianças, ou que talvez nunca tenham brincado na vida.
Vai mesmo para os muitos desavisados que acreditam que Momo é mesmo um deus e que existe ou existiu. Façam-me o favor. Momo é tão real quanto o Curupira ou o Saci-pererê. E tão inofensivo quanto as fadas e gnomos ou outros da espécie. Zeus, Hércules, Afrodite, e todo o panteão das “divindades” gregas, não passam de produtos da imaginação fértil ou das crendices e superstições daqueles povos.


Se alguns não podem brincar, por determinação médica, religiosa ou de outra natureza qualquer, guardem seus temores em seu próprio coração.


Não por acaso, um filósofo que questionava os pilares de nossa cultura ocidental, fez uma analogia interessante, entre o dever do camelo, o querer do leão e a inocência da criança. Grosso modo, ele anunciava o advento da criança como a condição para a transvaloração dos valores da nossa civilização. Lembra um pouco aquele “quem não se tornar como uma destas crianças não entrará no reino dos céus”, não é mesmo? A criança livre de todas as nossas ridículas crendices e lendas. A criança pura e plena. Sem medo do armagedom e sem pecado original. A criança e só.


Pois bem, brincar, brincar e brincar, com a ingenuidade das crianças. Eis a questão. Pular frevo, dançar samba e maracatu. E sem nenhuma crise de consciência. Afinal, Momo e Papai Noel são primos-irmãos de Hamlet, do Quixote e da Cuca, são filhos da louca da casa, fantasmagorias, criações da imaginação rsrsrs







Fonte da imagem:
http://afraniosoares.blogspot.com/

domingo, 6 de março de 2011

Bloco Pirilampos de Tejipió, depois do incêndio.

Imagem PE360graus - 10/08/2010




Os bombeiros combateram um incêndio no bairro da Boa Vista, área central do Recife, na madrugada desta terça-feira (10). O fogo atingiu a garagem de uma casa, que fica na rua Padre João Ribeiro. Fantasias e adereços do bloco Pirilampos de Tejipió foram destruídos.

O presidente do bloco, José Dias dos Santos, mora no primeiro andar da casa, que não foi atingido pelo incêndio. Em poucos minutos, o fogo destruiu o carro da família e tudo o que estava na garagem, inclusive as fantasias e os adereços do bloco.
Fonte da notícia:
http://pe360graus.globo.com/noticias/cidades/acidente/2010/08/10/NWS,518515,4,94,NOTICIAS,766-INCENDIO-DESTROI-FANTASIAS-ADERECOS-BLOCO-PIRILAMPOS-TEJIPIO.aspx



No carnaval do ano passado, eu vi Pirilampos de Tejipió. Fiquei muito desolado com aquela cena tão triste. Aquele bloco afamado, evocado por Edgard Morais, em seu frevo "Valores do Passado", passou sem brilho pela Praça da Várzea. Nós, do bloco Flores do Capibaribe, que estávamos ali só pra vê-lo passar, quase entramos na passarela para ajudar os Pirilampos. Foi uma consternação geral.  Era o Pirilampos resistindo ao incêndio em sua sede, e vindo às ruas do jeito que deu. Valeu pela resistência!


Pra quem não sabe, Pirilampos foi criado pelo mesmo organizador do Apois Fum, o jornalista, Guilherme de Araújo. E, dos dois blocos antigos, por ele criados, Pirilampos é o único que resiste até hoje. Sua sede já não é no distante subúrbio de Tejipió, mas no centro da cidade, no Bairro da Boa-Vista, onde se deu o incêndio, ano passado.
É preciso que se faça um movimento político-cultural para cuidar dos blocos centenários dessa cidade. Batutas de São José enfrenta uma difícil crise, com questões trabalhistas de gestões passadas atravancando sua vida. Inocentes e Madeira, ambos do Rosarinho, ninguém mais viu?
Por isso, a comunidadade dos amantes dos blocos líricos precisa fazer pressão junto aos órgãos públicos da cultura. Providências urgentes devem ser tomadas, em prol da preservação dessas agremiações, que fazem o que há de mais poético (e pacífico) no carnaval em Pernambuco.


O Governo do Estado tem ajudado os times de futebol, com o Programa Todos com a Nota. Por que uma fatia dessa verba não é destinada ao carnaval das pequenas troças, maracatus, bois-bumbás, laursas e blocos líricos, principalmente aos mais antigos e tradicionais, que sobrevivem da ajuda de uns poucos abnegados?


Deixo o meu apelo por essas humildes agremiações populares, que fazem o verdadeiro carnaval de rua de Pernambuco. São elas que trazem a diversidade de ritmos e de cores, de cultura, que fizeram a Prefeitura do Recife, em lance de marketing, denominar o nosso carnaval de multicultural. Multiculturais sempre foram todas as manifestações da gente pernambucana. Da música aos folguedos. Da fé ao carnaval. 
Sem essa diversidade de grupos populares morreriam os brincantes, morreriam as tradições e nos restariam apenas o ribombar dos trios elétricos, que hoje invadem a cidade, com música ruim e sem as autênticas raízes pernambucanas.
Salvemos os genuínos blocos líricos e as nossas troças e clubes de carnaval, expressões ancestrais de nossa cultura e de nossa identidade!