Seguidores solidários

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Marina: um projeto para o futuro





*********************************************


Não pensem que joguei a toalha. De jeito algum. Em 1989, com o Lula, também passei por esse momento. Não desisti e votei nele em todas as eleições, até a vitória. Agora é a vez de um sonho maior. Marina Silva. Ecoconsciencia, ecossocialismo, economia solidária. Palavras novas que me dão o mesmo tesão para a luta, como desde os idos de 1989.
Estarei com esse projeto, Marina-Presidente, em todas as eleições em que for me dada a honra de votar nela, a nível nacional. (Luiz Eurico de Melo Neto)


*********************************************


Marina é projeto para futuro, diz Cohn-Bendit






foto:Daniel Cohn-Bendit - Paris/1968














Texto de Sérgio Bueno, de Porto Alegre

Estrela do ato político no qual anunciou apoio à Marina Silva (PV) na disputa presidencial, o líder da bancada verde no Parlamento Europeu e ex-ativista do movimento estudantil de maio de 1968 na França, o alemão Daniel Cohn-Bendit afirmou ontem que a candidata brasileira é um "projeto para o futuro". De acordo com ele, o desempenho de Marina nas pesquisas é um "bom primeiro passo" para a consolidação na agenda ambiental no Brasil.
Conforme o parlamentar alemão, a conversão da economia para bases ambientalmente mais sustentáveis é um desafio de "longo prazo" em todo o mundo e mesmo que a candidata do PV seja derrotada no Brasil, ela deve continuar "construindo" um projeto ecológico para o país. Na opinião dele, a definição da eleição brasileira no primeiro turno é prejudicial não apenas para o debate ambiental, mas para a democracia em si.
Apesar de insistir que está entusiasmada com os índices obtidos nas últimas pesquisas, entre 8% e 10%, e que está confiante na possibilidade de ir para o segundo turno, a própria Marina comprometeu-se a prosseguir na militância ambiental caso não seja eleita. "Vou continuar como sempre fui; estou nesta luta deste os 17 anos", afirmou. Segundo ela, como "presidente da República, como professora ou como uma velhinha tricotando na varanda, ainda vou estar lá fazendo a mesma coisa".
Conforme Cohn-Bendit, parte da Europa está "atenta" às eleições brasileiras devido à importância e à capacidade do país de "dar os passos adequados" no caminho de uma transformação sustentável na forma de condução da economia. "Não pode haver uma reforma ecológica apenas na Europa. Ou isso é feito pelo planeta inteiro ou nada acontece. Por isso a eleição daqui é tão essencial para nós", afirmou.
Para o parlamentar, a principal disputa na eleição brasileira deste ano se dá entre Marina e a candidata do PT, Dilma Rousseff, que representam duas possibilidades distintas de desenvolvimento. "Uma (Dilma) tradicional, social-democrata, e outra (a candidata do PV) de transformação ecológica".
Segundo ele, a petista é hoje a principal oponente de Marina porque é quem lidera a corrida presidencial no país. Para Cohn-Bendit, tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT, de um lado, quanto o candidato do PSDB, José Serra, de outro, representam visões semelhantes sobre crescimento, embora os primeiros estejam mais próximos dos partidos socialistas da França e da Alemanha e o segundo, do "novo trabalhismo" do ex-premiê britânico Tony Blair.
A própria Marina tratou de reforçar a semelhança entre os dois adversários. "Dilma e Serra são muito parecidos porque têm uma visão " crescimentista " e gerencial, enquanto o Brasil precisa de uma visão estratégica". Ela ressalvou que considera Lula um "desenvolvimentista progressista, com olhar para o social", mas disse que ele assume uma posição "equivocada" do "crescimento pelo crescimento", no "estilo de uma liderança velha, ultrapassada".
Cohn-Bendit disse ainda que a exemplo dos parlamentares "verdes" europeus - que ocupam 55 cadeiras e são a quarta força do Parlamento do continente - os deputados brasileiros do PV podem obter melhores resultados na disputa pelo fortalecimento da agenda ambiental se trabalharem para constituir maiorias em torno de questões específicas como a redução de emissões e a economia de energia. "É preciso criar movimentos sociais através do Parlamento", comentou.
Marina reconheceu que o PV brasileiro tem lições a aprender com os "verdes" da Europa, mas afirmou que o "movimento contrário" é mais comum. "Em vários lugares do mundo o Partido Verde tem se interessado pela experiência do Brasil porque aqui começamos, desde a época do Chico Mendes (ex-seringueiro defensor da preservação da Amazônia assassinado em 1988), a colocar a questão ambiental não como a defesa do verde pelo verde, mas colocando o caráter social, econômico e político dessa questão".


Fonte do texto de Sergio Bueno:
Daniel Cohn-Bendit
político alemão, líder da bancada verde no Parlamento Europeu e ex-ativista do movimento estudantil de maio de 1968 na França,.

Fonte da imagem:
Mulheres no poder

domingo, 12 de setembro de 2010

MORRE O MOTO




(Transcrevo aqui este antológico artigo do historiador
Luiz Antonio Simas, solidário com as palavras e com as idéias que ele traz para dar luz a um tema tão lamentável quanto contemporâneo, e que oportuniza a reflexão sobre as nuanças culturais e antropológicas do futebol no Brasil):



"Recebi hoje a confirmação de uma notícia lamentável. O Moto Club de São Luís, um dos principais clubes do Maranhão, dono de imensa torcida, encerrou as atividades no futebol profissional neste último dia 27 de agosto. A diretoria do Moto declarou não ter mais condições para manter o time diante das demandas do futebol atual [leia-se: falta grana].


Lamentável, rigorosamente lamentável , mais esse capítulo da transformação do futebol brasileiro em um ramo do big business, da consolidação dos clubes como valhacoutos de escroques travestidos em empresários e da proliferação de jogadores-celebridades desvinculados da história e das tradições dos times.


Morre o Moto no momento em que morrem também as camisas dos clubes, mantos sagrados transformados em vitrines de exposição de toda a sorte de produtos: telefonia celular, pomada de vaca, plano de saúde, leite condensado, funerária, montadora de automóvel, empresa da construção civil e quejandos. Dia chegará em que os escudos serão tirados da camisa para sobrar espaço pra mais um jabazinho e ninguém perceberá.


Morre o Moto em nome da gestão empresarial, da modernização dos estádios, do estatuto do torcedor, dos fabulosos investimentos para a realização da Copa de 2014, dos técnicos com salários de quinhentos mil reais, dos bandidos da bola e dos apóstolos dos gramados e seus moralismos de ocasião.


Morre o Moto como corre o risco de desaparecer a tradição do tambor de crioula do Maranhão. Nas palavras de um velho tambozeiro que conheci em Alcântara, os lugares onde se podia escutar o tambor são agora destinados ao reggae, para a alegria de antropólogos moderninhos e antenados que vêem em qualquer mistureba uma prova de vitalidade cultural. Viva o moderno e que se dane o eterno, goza o deus mercado.


Morre o Moto como pode morrer a Casa das Minas, venerável matriz da religiosidade afro-maranhense. As moças mais novas, dizem as velhas do tambor, não se interessam mais pelo legado de voduns e encantados e não há mais tempo disponível para o longo aprendizado do mistério demandado pelo Tempo maior.


E alguém, por acaso, sugere o que deve fazer o torcedor do Moto? Escolhe outro clube, com a naturalidade de quem muda de roupa e troca um objeto quebrado pelo novo? E os senhores de setenta e poucos anos que viram e viraram Moto durante a conquista do título da Copa Norte-Nordeste de 1947 e do Torneio Campeão dos Campeões do Norte em 1948?


E a nova geração - os netos dos fundadores e torcedores do velho Moto Club, o Papão do Norte, Rubro-Negro da Fabril - torcerá para quem? É simples. Os moleques torcerão, evidentemente, pela Inter de Milão, Barcelona ou Milan. Viva a globalização! Ou, na melhor das hipóteses e como é comum ocorrer, pelos clubes grandes do sul maravilha. Mas, ai deles, não terão o pertencimento que só o clube da aldeia é capaz de proporcionar.

O velho torcedor, e como é duro constatar isso, está morrendo. Em seu lugar surge o cliente dos tempos do futebol-empresa. Somos agora, os que queremos apenas torcer pelo time, tratados como clientes nos estádios, consumidores em potencial de jogos, pacotes televisivos, produtos com a marca da patrocinadora e outros balacobacos.


Morre o Moto como morre a aldeia, a terra, a comida da terra, a várzea, a esquina e o canto de cada canto. Morre o Moto como amanhã dançará, no corpo da última sacerdotisa do Tambor de Mina, o derradeiro encantado em pedra, flor, areia e vento da praia do Lençol.


Morre o Moto como morrerá, em alguma madrugada grande, o último tocador do tambor de crioula e com ele a arte de evocar no couro a memória dos mortos. Ninguém saberá como bater o tambor que convida os ancestrais a bailar entre os vivos. Seremos apenas - e cada vez mais - homens provisórios, desprovidos da permanência que só a ancestralidade e a comunidade garantem.

Morre o Moto enquanto se desencanta o mundo."


Postado por Luiz Antonio Simas em 31/08/2010, às 11:34
In: http://hisbrasileiras.blogspot.com/2010/08/morre-o-moto.html


Mais notícias: