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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Viva o Ecossocialismo!



O blogue Cultura Solidária subscreve as idéias do PES, com a sugestão de que a liberdade de culto e de expressão, o livre-pensar, o pensamento libertário e libertador sejam princípios basilares dessas diretrizes. Que ateus, deístas, materialistas e espiritualistas, anarquistas e teólogos da libertação política e espiritual possam comungar dessas idéias e combater o bom combate pela fraternidade entre os povos.


DIRETRIZES do PES, Partido do Eco-socialismo



A globalização mercantil como um planetário Coliseo romano
................... por Luís Eustáquio Soares


Em seu lado mais exuberante, de glamour de e para poucos, as elites econômicas, no mundo todo, vivem como uma farsante propaganda de cigarro, à custa de sanguessugar a energia vital da biodiversidade do planeta, porque têm queimado, transformando em fumaça e cinza, a riqueza, em rede, do conjunto das vidas do mundo, exibindo-as, as vidas, como troféu, no Coliseo romano-imperial, que é a globalização mercantil: fumaça de ilusões e falsificações no pulmão do mundo.

Claro está que esse tipo de civilização é, sob todos os pontos de vista, absurdo e injusto, além de inviável para aqueles mesmos que, por ora, estão sequestrando a multiplicidade sem fim das vidas do mundo, falseando-a, através de um jogo de disfarces, tal que, o que era biodiversidade, é transformado em diversidade de mercadorias, cujas cores desbotarão quando completarmos o único destino manisfesto, a que estamos realmente atrelados, na modernidade ocidental-planetária: o de acabar de vez com a vida na Terra.

A modernidade-mundo: um imenso matadouro

A modernidade ocidental-planetária é a civilização desse acúmulo de disfarces, em que o eu se pensa como superior aos demais seres, tendo-os, por conseqüência, como inimigos a serem batidos e abatidos.

Como um imenso matadouro, a modernidade funciona como se fosse uma pirâmide construída sobre um terreno frágil. Aqueles que estão no topo da pirâmide, cheios de privilégios, à custa do esforço, da humilhação e da extinção dos que se encontram em sua base, não sabem – ou não querem saber – que a inevitável destruição é igual para todos.

Mais cedo ou mais tarde toda pirâmide desmoronará, como um castelo de areia.

Não é suficiente, assim, a substituição do maquinista, que promete, em nome do progresso, acelerar mais ainda o trem da história moderna. Nada seria mais temerário. Também de nada adianta, dentro desse modelo genocida, diminuir ou mesmo acabar com as desigualdades sociais, no plano humano, destituindo as hierarquias que existem dentro do trem, pois é o trem mesmo que deve ser parado; é o modelo piramidal de sociedade que deve ser revisto, a favor de um modelo horizontal, de desarme total da espécie humana, desarme das armas de destruição massiva, mas também desarme das armas antropocêntricas, essa letal arma através da qual o humano se sobrepõe, como se superior fosse, a todos os outros seres do planeta; das armas afetivas, em nome das quais concentramos nossa infinita expressividade, de e para amar, nos parentes e nos iguais, constituindo o que poderíamos denominar de sociedade incestuosa, por não se permitir à mistura, por hierarquizar o amor, amando mais aos filhos, aos pais, aos amantes, tornando-nos indiferentes e impotentes para amar, com a mesma intensidade, ao desconhecido, ao estrangeiro, ao dessemelhante e ao estranho, aos quais, em primeira e última instância, não apenas evitamos,como ignoramos e odiamos, a fim de garantir a felicidade da sociedade da intimidade, que é a sociedade da mesma genética, da mesma língua, do mesmo ramo de saber, da mesma profissão, e assim por diante; das armas de gênero, as de diversos calibres de modelos de macho, inclusive com atualíssimas versões femininas; das armas étnicas, em que, não obstante o branco europeu continue sendo o modelo, outras etnias, com um indivíduo ou outro, podem igualmente, como um jogo de máscaras, ocupar a liderança, desde que seja para continuar colocando fogo na lenha da energia coletiva do mundo, dizimando-a; das, enfim, diversas formas de armas culturais, econômicas, epistemológicas.

A hora é agora

A hora é agora, de liberar-nos; de darmos um basta às oligarquias econômicas, midiáticas, étnicas, religiosas, sexuais e cognitivas, para inventarmo-nos, refazendo coletivamente nosso modo de viver, e conviver, reforçando a interdependência e a cooperação entre os viventes, de mortal para mortal, criando a rede sem fim de apoio ao presente e ao futuro da vida, na Terra.

Aqui chegamos à necessidade, porque se trata disso, de uma necessidade, de criar um partido como o Pés, Partido do Eco-Socialismo, cujo princípio fundamental é o da urgência urgentíssima de assumirmos, como civilização, o que sempre fôramos, mortais e vulneráveis, se vivemos isoladamente, em guerra com os demais seres; embora infinitamente criativos, se reforçarmos nossa dimensão coletiva, e comum.

Precisamos de uma civilização que proteja a vida e que, reconhecendo nossa mortalidade comum, sirva ao propósito de cultivar a delicada rede de interdependências e interações sociais, mentais e ambientais, as quais, em conjunto, constituem o cenário que garante a coexistência das vidas, na Terra.

Para tanto, o Partido do Eco-Socialismo orientar-se-á pelas seguintes premissas:

1.
Colaborar para fomentar uma cultura de e para a paz, propondo um desarme total da humanidade: um desarme bélico, afetivo, simbólico, epistemológico, cultural, e assim por diante;

2.
Todos os viventes deste planeta somos mortais e estamos no mesmo barco, razão pela qual ninguém é, sob ponto de vista algum, superior a nada e a ninguém;

3.
Reavaliarmos permanentemente toda a nossa formação antropocêntrica, através da reinvenção, igualmente permanente, de nossa relação com os outros seres do planeta. Para tanto, devemos partir da premissa de que não somos, sob hipótese alguma, senhores da terra, e de que nossa racionalidade é uma dentre outras;

4.
Colaborar para emegência história, no Brasil, na América Latina e no mundo, do protagonismo popular, como a base fundamental da verdadeira transformação social, ambiental e mental;
5.
Fazer parte, como constituído e constituinte, em rede, de um vigoroso movimento popular, consciente dos desafios e da consequente necessidade de lutar pela ampliação dos direitos dos povos e dos seres não humanos: direito à diversidade informativa, cognitiva, econômica, social, ambiental e mental;
6.
Para alcançarmos um verdadeiro protagonismo popular, temos que fazê-lo em âmbito local, nacional, continental e planetário. Somente a ação em rede, e visinária, pode destronar as oligarquias - de todo tipo, afinal- que promovem uma guerra incessante contra a biodiversidade, do e no planeta, a biodiversidade ambiental, social e mental;
7.
Propor a constituição de uma pluri-racionalidade, procurando estudar e incorporar, como humanos, as mais diversas racionalidades não humanas, principalmente aquelas que possam reforçar a nossa dimensão comum, de viventes de um mesmo planeta;

8.
Se vivemos no mesmo planeta e somos igualmente mortais, é porque somos igualmente inter-dependentes, razão pela qual a inter-dependência doravante deve ser o eixo de todas as nossas escolhas e realizações;

9.
Como conseqüência da premissa anterior, nossa referência deve ser a necessidade de constituirmos uma subjetividade humana – ecologia mental – que não entre em confronto nem com a sociedade, da qual faz parte, nem com o meio ambiente, do qual igualmente faz parte.

10.
As nossas três dimensões ecológicas, a ambiental, a social e a mental, devem co-existir num horizonte de igualdade radical, tal que uma não comprometa o horizonte expressivo da outra, mas, pelo contrário, o enriqueça, o dignifique e o reforce, coletivamente;

11.
Como o modelo de produção capitalista – e o da modernidade – não desenvolve a técnica e a combinação do processo social senão destruindo ao mesmo tempo as fontes das quais emana toda riqueza – o trabalhador, a biodiversidade, a terra -, o eco-socialismo deve não apenas ser crítico desse modelo de produção, mas antes de tudo esforçar-se para superá-lo;

12.
A crise atual não é atual, é desde sempre, e tem a ver com o movimento linear, progressivo e antropocêntrico das grandes civilizações humanas, razão pela qual devemos nos esforçar para frear o trem da história humana, substituindo-o pelo o que tem de emergente, como sonho coletivo, na expressividade cotidiana da luta por melhores condições de vida dos movimentos sociais existentes em todos os lugares do mundo;

13.
É indispensável que nos esforcemos para agir em rede, de tal sorte que o melhor de nossos esforços individuais e coletivos não apenas convirjam para a cooperação, mas igualmente procurem traduzir, na prática, uma militância comum entre os mais diversos movimentos sociais. Precisamos de um horizonte comum de objetivos entrelaçados, como o direito inalienável de todos os povos à soberania alimentar, assim como o acesso à água potável, à moradia digna, à educação revolucionária, sempre respeitando e ao mesmo dilatando a interação entre as três ecologias, a social, a ambiental e a mental;

14.
Nestes momentos em que a especulação financeira abriu as carnes do capitalismo, as organizações da esquerda, de todas as suas sensibilidades e correntes, deveriam converter-se em redes globais de denúncia e seus militantes e filiados nos grãos de areia que fossem mostrando a todos os que se está a passar, que ensinassem aos cidadãos o que os bancos fizeram com o seu dinheiro, o apoio que os bancos centrais e os governos prestaram aos especuladores multimilionários que provocaram a crise e, por fim, que lhe oferecessem as medidas alternativas que é preciso tomar sem demora para evitar que tudo se vá ruindo pouco a pouco;

15.
Agir em rede através da formação de trans-conexões entre movimentos sociais como o MST, a Via Campesina, os movimentos femininos, aqueles igualmente que colaborem para despadronizar o modelo patriarcal-heterossexual de nossas sociedades; os movimentos indígenas, afro-brasileiros, os Movimentos dos sem Mídia, o Movimento dos Sem Teto, os diversos movimentos de proteção aos animais, Greenpeace, enfim, através da trans-conexão dos mais diversos movimentos nacionais e internacionais, a fim de transformá-los em força motriz para alcançarmos os objetivos comuns-ecológicos do viver, que são aqueles que não comprometam a interação promissora entre a ecologia ambiental, a social e a mental;

16.
Trabalhar em rede para desglobalizar o mundo, isto é, para a constituição de uma civilização planetária em que a simples possibilidade de existência de qualquer forma de multinacional, de oligopólio, de monopólio,seja um escândalo de lesa-vida da e na Terra;

17.
Reforçar a necessidade de colaboração Sul-Sul, através da criação comum, entre o sul pobre do planeta, de sistemas financeiros que tenham a cooperação, e não o lucro, como referência;


Como parte dessa colaboração Sul-Sul, propõe-se:

1. O abandono das instituições criadas após a Segunda Grande Guerra Mundial, como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio, dentre outras;
2. A criação do Banco do Sul, que tenha como princípio a cooperação, e não o lucro;
3. De um sistema de comunicação que atenda as necessidades informativas, educacionais, culturais e estratégicas do sul pobre do planeta;
4. Criação de um sistema jurídico comum que proíba explicitamente a presença de bases militares americanas – ou de qualquer outro país – em qualquer país que esteja em diálogo cooperativo Sul-Sul, trabalhando para que essa jurisprudência seja planetária;
5. Utilização de energias renováveis, como a solar e a eólica, num sistema de parceria trans-sul, sempre com abertura para o diálogo, de igual para igual, com os países centrais da modernidade ocidental;
6. Procurar, com participação popular, sair do modelo extrativista, de exportação de matéria prima,e desenvolvimentista, que tem marcado a história da periferia do sistmema, por ser um modelo depredador do meio ambiente e por ser especialmente nefasto para as populações autóctones, como as civilizações e comunidades indígenas.

QUANTO AO CAMPO DO TRABALHO E DA PARTICIPAÇÃO POPULAR

A divisão social do trabalho é o maior obstáculo para a constituição de uma sociedade nova, eco-socialista, porque ela, a divisão social do trabalho, é a referência norteadora para uma série indefinida de outras divisões, coma a do saber, a cultural, a geográfica, a de gênero, a étnica, a do humano e não humano, e tantas outras.

A fim de superar a sociedade da divisão social do trabalho, propomos:

1.
Emancipar o trabalho das relações de submissão: produção de mais-valia, de máximo lucro, mercantilização, divisão social do trabalho;

2.
Superação da alienação política do trabalhador através do exercício da democracia direta e do desenvolvimento de novas formas de participação, que destronem a divisão social do trabalho;

3.
Absorver a sociedade política na sociedade civil, construindo um novo nexo entre o Estado e o cidadão comum, por via da democracia direta, através de um Estado Comunal e de uma República de Conselhos Comunais

4.
Construção de uma nova hegemonia que permita superar a alienação consumista, o monopólio do saber, a estética da mercadoria, o que está implicado com a necessidade de uma revolução cultural e com a construção de uma subjetividade revolucionária;
5.
Crítica ao monopólio e da hierarquia do saber, que se materializa na expertocracia ou nas modalidades tecnocráticas diversas;

6.
Questionamento da fragmentação do saber, advindo da formação de disciplinas diversas e da especialização;

7.
Dotar o trabalho manual de dignidade teórica, reivindicando o saber popular e propugnando o diálogo entre os saberes;

8.
Assumir a democratização do saber e do pensar, com a cabeça própria: SOBERANIA E DEMOCRACIA COGNITIVAS.


Fonte do texto:
http://partidoecos.blogspot.com/

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Professores do Brasil (nostalgia e perplexidade)





Convidou-me o Valdeir, do blogue Ponderantes, para colaborar com uma postagem sobre o tema do Dia do Professor. O tema me traz dois sentimentos, nostalgia e perplexidade. Nostálgica, me vem a "saudade da professorinha que me ensinou o bê-a-bá"... ou seja, que me ensinou a ler o mundo. Naquele tempo, a escola pública ainda não tinha sofrido a pressão do empresariado da educação; o Estado ainda investia em coisas como saúde, educação, habitação popular, e o modelo capitalista selvagem não havia sucateado os hospitais e as escolas. Era um orgulho estudar na rede pública

Depois do golpe militar de 1964, o fatídico acordo MEC-USAID começa a destruir a excelente rede pública de ensino, que remontava ao Império, extinguindo-se o curso Clássico e diminuindo a carga horária do curso Científico, com a "patriótica" finalidade de criar as escolas profissionalizantes (que, em verdade, iriam criar a mão-de-obra barata para atender às multinacionais). Era tudo o que queria o capitalismo: o aluno pobre estudaria apenas para trabalhar nas fábricas e, logo em seguida, fazer da educação um produto que dá lucro. Com isso, a rede de ensino privado arrasta a classe média e alta, deixando os menos favorecidos numa rede pública, agora sucateada e desassistida.

Com o golpe, o Estado brasileiro optaria pelo mais selvagem modelo de capitalismo, cujas consequências nos chegam até os dias de hoje. Dentro desse modelo afundariam os hospitais e as escolas. A decisão de não fazer as reformas de base (entre elas a reforma agrária), propostas por Jango, em seu célebre comício da Candelária, fez com que se desse o êxodo dos moradores do campo para as grande cidades. Em breve, as capitais do Brasil, e as regiões metropolitanas estariam circundadas por imensos bolsões de miséria, de desemprego, de doença. A favelização do país começa com o golpe.

Espremidos entre a miséria das favelas e a miséria da escola, sitiado pela violência dos morros e do asfalto, encontraremos o mais oprimido entre os servidores públicos: o Educador.

Eis o motivo da minha perplexidade. O golpe que perseguiu educadores como Paulo Freire e Darci Ribeiro, deixa o legado da destruição do que era o sustentáculo da nação, a destruição do ensino público e gratuito, alijando das fontes do saber, milhões de crianças e jovens pobres. Esse é o cenário em que atua o Educador brasileiro. Não raras vezes enfrentando alunos armados em sala de aula. Enfrentando ainda as dificuldades dos parcos salários, do difícil acesso, das comunidades dominadas por milícias e traficantes. Essa situação me deixa perplexo quanto ao futuro e nostálgico com os tempos passados . Que saudade da professorinha que me ensinou o bê-a-bá, nos idos de 1960. Agora se faz necessária mais do que uma pedagogia do oprimido, mas uma pedagogia para os embrutecidos, posto que a miséria e a fome esgarçaram os valores da sociedade e trouxeram a violência para o dia a dia do tão sofrido Professor do Brasil.

Salve, Professor Valdeir.
É isso!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Um mensagem vinda do futuro!



Carta escrita em 2070


Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém com 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha cinco anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro. Agora usamos toalhas de azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam seus lindos cabelos. Agora, devemos raspar a cabeça para mantê-la limpa sem água. Antes, o meu pai lavava o carro com uma mangueira. Hoje, não se acredita que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam “ Cuidem da água”, só que ninguém lhes ligava, pensávamos que a água jamais podia acabar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para beber eram oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo e tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado já que as redes de esgotos não se usam por falta de água. A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele provocadas pelos raios ultravioletas que já não tem a camada de ozônio que os filtrava na atmosfera.Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são as principais fontes de emprego e pagam-nos em água potável os salários. Os assaltos por uma garrafa água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele, uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40. Os cientistas investigam, mas não parece haver solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores e isso ajuda a diminuir o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se também a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos e como conseqüência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações. O governo cobra-nos pelo ar que respiramos. As pessoas que não podem pagar são retiradas das "zonas ventiladas". Estas estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam a energia solar. Embora não sendo de boa qualidade, pode-se respirar. A idade média é de 35 anos. Em alguns países existem manchas de vegetação normalmente perto de um rio, que é fortemente vigiado pelo exercito. A água tornou-se num tesouro muito cobiçado - mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há arvores, porque quase nunca chove e quando se registra precipitação, é chuva ácida. As estações do ano têm sido severamente alteradas pelos testes atômicos. Advertiam-nos que devíamos cuidar do meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse o saudável que era a gente, ela pergunta-me: Papai... Porque se acabou a água? Então, sinto um nó na garganta; não deixo de me sentir culpado, porque pertenço à geração que foi destruindo o meio ambiente ou simplesmente não levamos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer alguma coisa para salvar nosso planeta.




Postado em 18/05/07, por Raquel Mendonça no blogue
Deslimites do Ser
Marcadores: Autor Desconhecido

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Novos valores para nova civilização: ecossocialismo



















"No Fórum Social Mundial de Belém se concluiu que as alternativas ao neoliberalismo e à construção do ecossocialismo não se engendram na cabeça de intelectuais ou de programas partidários ...
"
...............................................................Frei Betto


No Fórum Social Mundial de Belém se concluiu que as alternativas ao neoliberalismo e à construção do ecossocialismo não se engendram na cabeça de intelectuais ou de programas partidários, e sim na prática social, através de lutas populares, movimentos sindicais, camponeses, indígenas, étnicos, ambientais, e comunidades de base.
Para gestar tais alternativas exigem-se pelo menos quatro atitudes:

A primeira, visão crítica do neoliberalismo. Este aprofunda as contradições do capitalismo, na medida em que a expansão globalizada do mercado acirra a competição comercial entre as grandes potências; desloca a produção para áreas onde se possa pagar salários irrisórios; estimula o êxodo das nações pobres rumo às ricas; introduz tecnologia de ponta que reduz os postos de trabalho; torna as nações dependentes do capital especulativo; e intensifica o processo de destruição do equilíbrio ambiental do planeta.

A segunda atitude - organizar a esperança. Encontrar alternativas é um trabalho coletivo. Elas não surgem da cabeça de intelectuais iluminados ou de gurus ideológicos. Daí a importância de se dar consistência organizativa a todos os setores da sociedade que esperam outra coisa diferente do que se vê na realidade atual: desde agricultores que sonham lavrar sua própria terra a jovens interessados na preservação do meio ambiente.

Terceira atitude - resgatar a utopia. O neoliberalismo não visa a destruir apenas as instâncias comunitárias criadas pela modernidade, como família, sindicato, movimentos sociais e Estado democrático. Seu projeto de atomização da sociedade reduz a pessoa à condição de indivíduo desconectado da conjuntura sócio-política-econômica na qual se insere, e o considera mero consumidor. Estende-se, portanto, também à esfera cultural. Como diria Emmanuel Mounier, o individualismo é oposto ao personalismo. Pascal foi enfático: "O Eu é odioso".
No seu apogeu, o capitalismo mercantiliza tudo: a biodiversidade, o meio ambiente, a responsabilidade social das empresas, o genoma, os órgãos arrancados de crianças etc, e até mesmo o nosso imaginário. Um exemplo trivial é o que se gasta com a compra de água potável engarrafada em indústria, dispensando o velho e bom filtro de cerâmica ou mesmo a coleta da limpíssima água da chuva após um minuto de precipitação.
Sem utopias não há mobilizações motivadas pela esperança. Nem possibilidade de visualizar um mundo diferente, novo e melhor.

Quarta atitude - elaborar um projeto alternativo. A esperança favorece a emergência de novas utopias, que devem ser traduzidas em projetos políticos e culturais que sinalizem as bases de uma nova sociedade. Isso implica o resgate dos valores éticos, do senso de justiça, das práticas de solidariedade e partilha, e do respeito à natureza. Em suma, trata-se de um desafio também de ordem espiritual, na linha do que apregoava o professor Milton Santos, de que devemos priorizar os "bens infinitos" e não os "bens finitos".
O projeto de uma sociedade ecossocialista alternativa ao neoliberalismo exige revisar, a partir da queda do Muro de Berlim, os aspectos teóricos e práticos do socialismo real, em particular do ponto de vista da democracia participativa e da preservação ambiental.
O ecossocialismo se caracterizaria pela capacidade de incorporar conceito e práticas de igualdade social e desenvolvimento sustentável a partir de experiências dos movimentos sociais e ecológicos, assim como da Revolução Cubana, do levante zapatista do Chiapas, dos assentamentos do MST etc.
É vital incluir no projeto e no programa os paradigmas ora emergentes, como ecologia, indigenismo, ética comunitária, economia solidária, espiritualidade, feminismo e holística.
Este sonho, esta utopia, esta esperança que chamamos de ecossocialismo, não é senão a continuação das esperanças daqueles que lutaram pela defesa da vida, como Chico Mendes e Dorothy Stang, dois lutadores cristãos que deram suas vidas pela causa dos pobres, dos explorados, dos indígenas, dos trabalhadores da terra e dos povos da floresta.

Frei Betto
Quinta-feira 26 de fevereiro de 2009

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Fonte da imagem:
Marina: primeiras passadas para a utopia

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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A Trave e o Argueiro


























"...tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão". Mt 7:5



"De antemão, afirmo que a eleição de Lula é uma conquista do povo brasileiro, principalmente daqueles que foram sempre colocados à margem do poder. Ele introduziu uma ruptura histórica como novo sujeito político, e isso parece ser sem retorno. Não conseguiu escapar da lógica macro-econômica que privilegia o capital e mantém as bases que permitem a acumulação das classes opulentas. Mas introduziu uma transição de um estado privatista e neoliberal para um governo republicano e social que confere centralidade à coisa pública (res publica), o que tem beneficiado vários milhões de pessoas. Tarefa primeira de um governante é cuidar da vida de seu povo e isso Lula o fez sem nunca trair suas origens de sobrevivente da grande tribulação brasileira."
Leonardo Boff


Gente, eu concordo com tudo o que diz o Frei Leonardo Boff, no parágrafo acima, que recortei e colei da minha postagem anterior. Lembro que votei no Lula em todas as eleições, desde 1989. Toda a minha família também. Ex-mulher, filhos, primos, irmãs e amizades da época. Todos eram Lulistas, sem serem petistas. Bem, só pra registrar, um fato que me emocionou foi o voto de meu pai. Ele agora é cadeirante, 85 anos, mas em 2002, ainda caminhava, agarrado a um equipamento chamado andador. Foi assim que ele adentrou à sua Seção Eleitoral. Todo mundo aplaudiu aquele ancião que se arrastava para a urna, ostentando uma velha camiseta com a foto de Miguel Arraes (que guardei, evidentemente, para mostrar aos meus netos); bem, eu dizia que todo mundo aplaudiu o meu pai, chorando de alegria e depositando o seu voto para o Lula. Gente, meu papai ainda vive. Não pensem que morreu, o velhinho. Está muito vivo e ainda torce pelo Lula, durante as crises todas que tem vivido o Governo, nesses quase 8 anos de mandato. Eu também torço e votaria nele de novo. Mas, o que sei é que meu pai tem história: foi perseguido pela ditadura, só porque era diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do Recife, em 1964. Nesse tempo ainda não existia o PT. Havia o Partidão. E ele era um fã da agremiação da foice e do martelo. O voto de meu pai no Lula merece respeito! Pois é em nome desse voto de meu pai, que faço essa postagem.

Há uma enorme trave nos olhos apaixonados dos militantes do Lulismo. Digo Lulismo, porque há vários PT's. Mas o que se defende afinal é o Lula. O símbolo da chegada do operariado ao poder!
Bem, há uma trave cegando os olhos dos militantes. Leio diversos blogues que defendem, com uma parcialidade de quem ama cegamente, de quem defende por paixão, tudo o que faz a base do Governo. A militância já não faz a crítica dos fatos, mas se joga em defesa do Lula. E ai daqueles que não se alinharem a essa unívoca defesa! Pau neles!
Vejam o caso Marina Silva. Não conseguem sequer perceber a grandeza, a forma íntegra com que ela deixou o PT. Lançam-se todos, num turbilhão de desacatos, a dizer que ela vai servir ao PSDB; Que os Verdes são um partido de aluguel; Que vai tirar votos da candidata do Lula.
Quem, da militância apaixonada, já parou pra ver quem é pior, se o PMDB ou sua cria, o PSDB. Quem consegue enxergar o PL, que já traz no nome aquilo contra que o PT brigava, o liberalismo. E tem mais: é o partido bancado pelo que há de mais retrógrado em matéria de "cristianismo": a Igreja do Edir Macedo.

Ah, e tem a coisa do criacionismo versus evolucionismo. Dizem (agora, depois que a Marina saiu do partido) que ela crê em Adão e Eva, e coisa e tal... Bem, primeiro que ela já era protestante, desde que foi eleita pelo PT. E segundo, que quem é católico deve ser, por princípio, criacionista. Em sendo assim, a grande maioria dos eleitores do Lula era criacionista. Será que a trave do olho não lhes permite ver isso.
No entanto, mesmo com essa enorme trave, os defensores da governabilidade e da questão da sucessão do Lula, apontam os argueiros dos olhos da Marina Silva: os Verdes, o PSDB e até o DEMO (vade retro!)
Também, pudera. A situação esquizóide de defender os Sem-terra de um lado e o latifundiário Sarney do outro; de atacar o criacionismo de Marina e aceitar o apoio criacionista do Edir Macedo; de ter pintado a cara e hoje apoiarem uma tropa de choque com o Collor a lhes descer goela abaixo. Não estão enxergando mais nada!

Papai está senil, mas lúcido e vendo tudo com clareza meridiana. Sofre com o rebaixamento do seu querido Santa Cruz Futebol Clube, reclama da herança funesta que o FHC deixou nos seus parcos proventos, porém, não admite a zorra em que se meteu o PT, para poder se eleger, e, depois, para poder governar. No entanto, a maior surpresa da vida de meu velho comunista, foi com o diretório do PT paulista. Disse-me ele, certo dia: meu filho, você percebeu que o PT mensaleiro era todo de São Paulo? Parece que não há aloprados petistas no sul, nem no norte/nordeste, nem mesmo em Minas ou no Rio de Janeiro, né? A m... foi toda em São Paulo.

O velho tem catarata, gente. Mas está lúcido. E muito atento! Nos seus olhos não há a trave, nem o argueiro.



Fonte da imagem:
Cisco no olho

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Uma Silva sucessora de um Silva?


artigo de Leonardo Boff


Não estou ligado a nenhum partido, pois para mim partido é parte. Eu como intelectual me interesso pelo todo embora, concretamente, saiba que o todo passa pela parte.

Tal posição me confere a liberdade de emitir opiniões pessoais e descompromissadas com os partidos.

De forma antecipada se lançou a disputa: Quem será o sucessor do carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

De antemão afirmo que a eleição de Lula é uma conquista do povo brasileiro, principalmente daqueles que foram sempre colocados à margem do poder.

Ele introduziu uma ruptura histórica como novo sujeito político e isso parece ser sem retorno. Não conseguiu escapar da lógica macro-econômica que privilegia o capital e mantém as bases que permitem a acumulação das classes opulentas.

Mas introduziu uma transição de um estado privatista e neoliberal para um governo republicano e social que confere centralidade à coisa pública (res publica), o que tem beneficiado vários milhões de pessoas.

Tarefa primeira de um governante é cuidar da vida de seu povo e isso Lula o fez sem nunca trair suas origens de sobrevivente da grande tribulação brasileira.

Depois de oito anos de governo se lança a questão que seguramente interessa à cidadania e não só ao PT: quem será seu sucessor?

Para responder a esta questão precisamos ganhar altura e dar-nos conta das mudanças ocorridas no Brasil e no mundo. Em oito anos muta coisa mudou. O PT foi submetido a duras provas e importa reconhecer que nem sempre esteve à altura do momento e às bases que o sustentam.

Estamos ainda esperando uma vigorosa autocrítica interna a propósito de presumido “mensalão”. Nós cidadãos não perdoamos esta falta de transparência e de coragem cívica e ética.

Em grande parte, o PT virou um partido eleitoreiro, interessado em ganhar eleições em todos os níveis. Para isso se obrigou a fazer coligações muito questionáveis, em alguns casos, com a parte mais podre dos partidos, em nome da governabilidade que, não raro, se colocou acima da ética e dos propósitos fundadores do PT.

Há uma ilusão que o PT deve romper: imaginar-se a realização do sonho e da utopia do povo brasileiro. Seria rebaixar o povo, pois este não se contenta com pequenos sonhos e utopias de horizonte tacanho.

Eu que circulo, em função de meu trabalho, pelas bases da sociedade vejo que se esvaziou a discussão sobre “que Brasil queremos”, discussão que animou por decênios o imaginário popular.

Houve uma inegável despolitização em razão de o PT ter ocupado o poder. Fez o que pôde quando podia ter feito mais, especialmente com referência à reforma agrária e a inclusão estratégica (e não meramente pontual) da ecologia.

Quer dizer, o sucessor não pode se contentar de fazer mais do mesmo. Importa introduzir mudanças. E a grande mudança na realidade e na consciência da humanidade é o fato de que a Terra já mudou.

A roda do aquecimento global não pode mais ser parada, apenas retardada em sua velocidade.

A partir de 23 de setembro de 2008 sabemos que a Terra como conjunto de ecossistemas com seus recursos e serviços já se tornou insustentável porque o consumo humano, especialmente dos ricos que esbanjam, já passou em 40% de sua capacidade de reposição.

Esta conjuntura que, se não for tomada a sério, pode levar nos próximos decênios a uma tragédia ecológicohumanitária de proporções inimagináveis e, até pelo final do século, ao desaparecimento da espécie humana.

Cabe reconhecer que o PT não incorporou a dimensão ecológica no cerne de seu projeto político. E o Brasil será decisivo para o equilíbrio do planeta e para o futuro da vida.

Qual é a pessoa com carisma, com base popular, ligada aos fundamentos do PT e que se fez ícone da causa ecológica?

É uma mulher, seringueira, da Igreja da libertação, amazônica. Ela também é uma Silva como Lula. Seu nome é Marina Osmarina Silva.



O teólogo Leonardo Boff é autor do livro "Que Brasil queremos?" Vozes 2000


Fonte: Blog do Noblat (em 17ago09)


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Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!





Hoje, 19/08/09, andei lendo os comentários desta rede, sobre a saída da Senadora Marina Silva do PT, e achei, em sua maioria, de uma injustiça sem tamanho. Mas o que esperar de uma atmosfera política em que o maniqueísmo reina absoluto?
Entendo, (à revelia de muitos, que acham que Marina vai dividir votos de uma provável candidatura Dilma), ser bom para a democracia brasileira, que, no primeiro turno, sejam debatidas as idéias de todos os matizes partidários e/ou pensantes, sobre os rumos políticos e econômicos do Brasil; e Marina representa, como ninguém mais, a idéia do desenvolvimento sustentável. Se vai ou não ser candidata, ou se, em sendo, ganhará as eleições, isso não é o mais importante. Pode até perder, como o Lula perdeu, defendendo um antigo ideário socialista, do qual, hoje em dia, a maioria do PT nem se lembra mais.
Mas, Marina não é um Lula de saias. Lula tinha a formação de sindicalista em São Paulo, e a visão do progresso forjado na industrialização. Marina vem das lutas dos seringueiros. E seu ideário é a fruta da convergência de todas as lutas ecossociais do planeta. É a hora de ouvi-la. Será que a pluralidade das idéias não tem o seu espaço nessa terra?
Antes de ouvir os comentários zangados e desleais dos maniqueus de plantão, melhor ouvir as razões da Marina e dar-lhe o crédito que o seu caráter merece e impõe:

"Cheguei à conclusão de algo muito semelhante ao que fiz a mais ou menos 30 anos atrás, quando decidi aos 16 anos sair da minha casa (...) naquele momento tive um sonho, de cuidar da saúde e estudar (...) e fui para Rio Branco, uma decisão difícil (...) eu recorro a essa história para dar a dimensão do que significa a dimensão de me desligar do Partido dos Trabalhadores depois de 30 anos de uma trajetória de trabalho, de construção, etc", comunicou.
(Notícias Terra)

Portadora da voz de um Chico Mendes, sonhadora e utópica, destemida e fiel ao partido até o fim, Marina é "mais macho que muito homem", como diz a canção da Maria Rita. E se apresenta como uma boa oportunidade para repensarmos os caminhos da política brasileira. Enquanto, em Brasília, os políticos chafurdam na disputa de quem é mais desonesto, se o Sarney ou o Virgílio, a senadora Marina Silva vem, em boa hora, levantar questões de uma nova mentalidade, uma política com visão planetária, que, pessoalmente, julgo, prioritária e vital, para o país e para o mundo, nessa quadra histórica da humanidade.

Então, é preciso que se ouça, com o respeito que ela merece, a Senadora Marina Silva. O Brasil não se limita à disputa "paulista" do PT versus PSDB. Existe um Brasil do Norte, com um povo sábio e antiquissimo, e do Nordeste, cuja geografia fez com que o autor de Os Sertões ficasse impressionado com a fortaleza de ânimo de seu povo .
O Brasil é plural, e isso é tão óbvio, que me espanta querer fazer das eleições do país, uma querela eleitoreira entre dois partidos, que dispense a participação das múltiplas vozes, que precisam participar da reconstrução dessa vida democrática, tão jovem, e por tantas vezes impedida de vicejar. Precisamos correr os riscos da liberdade. Fala, Marina! Fala!

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!

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sábado, 15 de agosto de 2009

FICA MARINA!!!




















Hoje é a véspera da posse do Dom Saburido, e uma brisa de esperança volta a soprar nos quatro cantos da Arquidiocese de Olinda e Recife. Mesmo os não-religiosos, como eu, celebram essa mudança de ares. Um bom cristão faz bem a todos, quer sejam ateus, budistas, ou espiritistas. Um bom cristão é reverenciado por todos, como é ainda o Dom Hélder. Quem lembra o nome de um inquisidor? Quase ninguém. Mas lembramos São Francisco, que viveu há uns 8 séculos atrás. Portanto, esqueçamos o nome do bispo que sai (e já vai, tarde) e celebremos o grande homem de Deus que chega à Arquidiocese.

Mas, e não é sobre Marina Silva, essa postagem?
É sim. Posto que ela também é cristã e tem o discurso da utopia e da esperança. Ela representa, em seu santo silêncio, após a saída do ministério do Lula, a ética, a fidelidade ao partido e aos amigos de lutas. Por isso, após ler no TERRA BRASILIS a entrevista que ela deu ao blogueiro Ricardo Kotscho, resolvi postar esse


FICA MARINA!


e, logo a seguir, transcrever a íntegra da entrevista. Vejam que mulher o PT corre o risco de perder.



Exclusivo/Marina Silva no Balaio: as utopias e a mosca azul


BRASÍLIA - Duas da tarde de quinta-feira, dia 13. A senadora Marina Silva (PT-AC), 50 anos, está terminando de almoçar com Moara, sua filha de 19 anos, estudante de Direito, que acabara de chegar da Inglaterra.

Sai da cozinha do seu amplo, mas modesto apartamento funcional da 309 Sul, e recebe-me na sala com um beijo e o mesmo sorriso sereno e amigo de sempre.

Como o tempo que temos para conversar é pouco, alertou-me a assessora de imprensa Jandira Gouveia, vou direto ao assunto que agitou a semana política e o cenário da sucessão presidencial, desde que a sua candidatura presidencial foi lançada pela direção do PV.

Balaio - Você sempre foi uma pessoa movida pelo coração, que eu sei. Neste momento, o que diz o teu coração: você fica no PT ou vai para o PV, que te ofereceu a candidatura à Presidência da República?

Marina - Olha, se eu tivesse esta certeza no coração, chamaria meus velhos companheiros Binho (o ex-colega de faculdade e atual governador do Acre, Binho Marques), Jorge (duas vezes governador do Acre, Jorge Viana) e Tião (senador Tião Viana, do PT-AC), e falaria primeiro para eles. Nesse momento, eu ainda estou vivendo a elaboração de toda a exposição a que me submeti nos últimos dias, ouvindo todas as pessoas, que não foram poucas, para que seja uma decisão consciente da minha parte.

Nos 50 minutos seguintes, Marina manteve-se impassível sentada na mesma posição no sofá, com sua fala mansa e firme sobre a importância da luta contra o aquecimento global e pela preservação da natureza para as futuras gerações, disposta a não abrir o jogo político-partidário por enquanto.

Apesar dos poréns e no entantos, saí de lá convencido de que ela já foi picada pela mosca azul do PV. Posso estar enganado, claro, mas para mim agora é só uma questão de dias, não muitos, para que ela tome a grande decisão da sua vida. O calendário eleitoral fixa um prazo: 30 de setembro, a data limite para a mudança de partido.

Balaio - Você já tinha pensado nesta idéia? Alguma vez já tinha passado pela tua cabeça o plano de se candidatar a presidente da República, antes de receber o convite dos dirigentes do PV?

Marina - Tem uns seis meses que um grupo de jovens criou um site na internet chamado Movimento Marina Presidente. Perguntaram-me se eu autorizava, falei que não. Mas eles iam fazer de qualquer jeito. Não articulei nada para isso. Só ouvia as pessoas falarem sobre esta possibilidade da minha candidatura. Até pedi para que os assessores e as pessoas mais identificadas comigo não entrassem neste site para ninguém dizer que a Marina estava articulando alguma coisa.

A filha Moara vai até o escritório e, na volta, informa à mãe que o movimento foi criado no dia 17 de abril de 2006, mas só nos últimos meses a comunidade criada na internet começou de fato a funcionar.

As conversas com o pessoal do PV, lembra ela, começaram logo após o dia 13 de maio de 2008, quando ela entregou sua carta de demissão no Palácio do Planalto, depois de ocupar por 5 anos, 5 meses e 14 dias - ela guarda os números na cabeça - o cargo de ministra do Meio Ambiente do governo Lula.

Balaio - Como foram estas conversas com os verdes?

Marina - Eles me perguntavam por que eu não entrava no PV, mas eu levava na brincadeira. Pedia para eles pararem com isso, mas eles respondiam que estavam falando sério. Nas últimas semanas, começaram a me informar que estavam preparando a refundação programática do PV, com a participação de pessoas da academia, para colocar a questão do desenvolvimento sustentável na agenda estratégica do partido, planejando a desverticalização da direção e a conquista de novos militantes nos movimentos sociais. O quadro mundial mudou muito desde a criação do PV, há 24 anos, inspirado nos partidos verdes da Europa. Diante desta ameaça de aquecimento global, as questões ambientais não se resolvem sem uma forte integração com a dinâmica econômica. O mundo vive hoje uma forte mudança no modelo de desenvolvimento. É o grande desafio deste século. Estou fazendo uma grande reflexão sobre tudo isso.

Como se vê, o discurso de candidata pelo PV está pronto. O longo namoro dos verdes com Marina chegou ao pedido de casamento no dia 29 de julho último, quando ela foi chamada pela executiva nacional para ser oficialmente convidada a entrar no partido, acenando com o dote da candidatura.

Para convencê-la, mostraram-lhe uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), coordenada por Antonio Lavareda, que costuma trabalhar para o PSDB e o DEM nas campanhas, provando a viabilidade eleitoral do seu nome.

Nas 81 páginas desta pesquisa feita por telefone, que veio a público no mesmo dia em que conversamos, conclui-se que no confronto direto entre Marina e Dilma, em quatro cenários, a senadora perde em um, empata em outro e ganha em dois.

Balaio - Além da pesquisa, o que mais vocês discutiram neste encontro do dia 29 de julho?

Marina - Foi uma conversa que durou quatro horas em que eu mais ouvi do que falei. Eles me falaram dos novos desafios, das dificuldades que vivem em vários Estados onde há problemas. Mas não quero subordinar a minha decisão sobre a candidatura aos números da pesquisa. O centro da minha reflexão é programático. Como podemos presrvar os ativos ambientais sem que isso traga efeitos indesejáveis ao desenvolvimento? Como podemos integrar preservação com desenvolvimento?

Marina explica que sua reflexão tem que levar em conta três etapas. A primeira, e mais difícil, é se deve ou não se desfiliar do PT, o partido que ajudou a criar. Depois, filiar-se ao PV. Por último, discutir uma possível candidatura.

Balaio - E em que pé está esta reflexão agora?

Marina - Ninguém sai de um partido, depois de 30 anos, e vai para outro só para se candidatar a presidente da República. Esta é uma reflexão visceral para mim e para este século, principalmente para os jovens. Agora vou me recolher em mim mesma para decidir. Precisamos atender ao mesmo tempo às legítimas necessidades das gerações presentes sem inviabilizar o futuro. Precisamos construir uma aliança intergeracional com compromisso ético.

Em nenhum momento da nossa conversa, antes que eu tocasse no assunto, Marina falou dos seus tempos de governo ou dos programas e projetos do PT nesta área, como se ambos já fizessem parte do passado.

Balaio - Neste um ano e meio que você deixou o governo, tem conversado com o presidente Lula? Como estão tuas relações com o governo e o PT?

Marina - Sempre que há necessidade de uma interação institucional da senadora com o presidente e o governo é natural que a gente converse. Foi assim na recente homenagem ao João Candido, com a anistia póstuma e a inauguração da sua estátua, e no episódio da regulamentação fundiária na Amazônia. Estou me sentindo muito serena quanto a isso, graças a Deus. Vários companheiros do PT vieram falar comigo para que ficasse no partido, para continuarmos juntos. Conversamos muito também sobre a crise do Senado nestas últimas semanas. Mas é um erro ficarmos só falando da crise do Senado. Quantas possibilidades nós não temos de melhorar a vida no nosso país? Kant dizia que o projeto de um mundo melhor sempre caminha em paralelo com o projeto de um mundo pior. As coisas são mesmo paradoxais. Existe a crise do Senado, claro, ela é grave, mas também existe muita esperança neste Brasil, neste mundo em que a gente vive. Vivemos aqueles momentos do cerceamento da liberdade na ditadura, mas nunca vivi tanta esperança como naquela época. Mais tarde, um sociólogo consolidou a democracia e elegemos um metalúrgico realizador das nossas utopias. As políticas sociais do governo Lula são a realização das nossas utopias, embora estejam ainda apenas no começo. Isso precisa ser preservado e consolidado.

Marina se anima ao falar das utopias e dos utopistas, para desespero da assessora que fica olhando o relógio (num único dia, Jandira chegou a receber 60 ligações de jornalistas). Fala de Florestan Fernandes, Celso Furtado, Paulo Freire, Chico Mendes, D. Hélder, D. Moacyr, e junta na mesma lista Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, “os mantenedores das utopias”.

“Quero ser para os jovens e as pessoas da minha geração o que estas pessoas que citei foram para mim, uma mantenedora da utopia”.

Na hora de me despedir, Marina lembra que batizou sua única filha de Moara (ela tem mais três filhos homens), que quer dizer liberdade em tupi-guarani, em homenagem à primeira campanha presidencial de Lula, em 1989, quando ela estava grávida da menina.

“Viajava pelo Acre com uma barriga de oito meses, expremida num avião monomotor, entre o Jorge e o Tião, e eles falavam que eu ia entrar em trabalho de parto…”.

Em tempo: Se Marina for mesmo candidata, ela foi o quarto presidenciável que deu entrevista exclusiva a este Balaio desde a abertura do blog em setembro do ano passado (antes dela, foram Aécio, Ciro e Dilma). Agora só falta José Serra.

Se depender dos leitores do Balaio, que decisão Marina Silva deve tomar? (Balaio do Kotscho)









Postado por prof. DiAfonso às 18:55
Marcadores: Marina Silva, Ricardo Kotscho

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FICA MARINA, FICA!!!

(se não a gente vai também...rsrsrs)

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sábado, 18 de julho de 2009

Dom Fernando Saburido, teu povo te espera!























Não sou religioso. Nem gosto de religião, se querem saber. Calma! Não gosto das instituições, mas sou fã ardoroso dos que vivem o evangelho do Cristo. E isso é diferente de professar algum credo. Vide Betinho, o ateu mais santo que conheço nessa pátria. Bem, sou recifense/olindense pois nasci numa e adotei a outra como mãe de leite, rsrsrs. Amo o povo daqui, com suas esperanças, suas carências, seus pecados e vícios, sua humanidade. Não tenho nada pessoal contra o bispo que se vai, e já vai tarde. Ainda bem que ele não pode me excomungar, pois fiz isso bem antes dele. Mas tenho tudo a favor do novo bispo que irá assumir a Arquidiocese (toc toc toc, três toques na madeira pra o Bento XVI não mudar de idéia). E já lhes explico a razão da minha simpatia pelo Dom Fernando Saburido:
Tempos atrás acompanhei a Procissão dos Passos, em Olinda. O interesse não era religioso, mas histórico. Minha namorada, hoje companheira, queria fotografar os nichos da cidade, que só são abertos nessa procissão, para um trabalho da faculdade. Bem, em cada nicho a procissão dá uma parada, abre-se a portinhola do altar e acontece uma espécie de homilia. Foi aí que fiquei fã do homem. Foi quando o ouvi pregar o evangelho. Falou de um tudo, desde a questão indígena, até a violência urbana. Desde a mídia alienante até as cantigas de roda com frases indutoras da violência. Exemplo: "atirei o pau no gato, mas, o gato não morreu." Baseado nessa cantiga de roda o então bispo auxiliar fez uma prédica sábia e fácil de entender. Nada de legalismos, nada de citar o direito canônico, nada de excomunhões e outras coisas que nos lembram o nefasto Santo Ofício, que de santo só tinha o nome. Soubemos pelo povo, que o bispo auxiliar estava de partida pra ser Arcebispo de Sobral, no Ceará. Eu então vaticinei, entre goladas espumosas de cerveja com a namorada e dois amigos, no fim da tarde olindense, (claro que depois da procissão, né?). Eu disse: esse cara ainda vai ser o nosso Bispo. Os amigos, cujo casamento tinha sido oficiado por ele, quando ainda padre da paróquia de Ouro Preto, bairro pobre de Olinda, disseram-me que isso seria uma benção de Deus. Taí, gente. Taí, Murillão. Taí, Luciane (são dois "taís" pq hoje estão divorciados). Taí povo do Recife e Olinda! Nem a Copa de 2014 será tão importante pra nós do que a vinda do Dom Fernando Saburido para a Arquidiocese de Olinda e Recife.

Dom Fernando, receba o meu abraço fraterno!
Sua missão é difícil, pois a obra de Dom Hélder precisa ser restaurada!

(Quem sabe se o senhor aqui estivesse, até teria evitado o divórcio dos meus amigos) rsrsrs, brincadeirinha...

E, pra finalizar, repito os versos do Chico, Vinicius e Garoto:
"e eu que nem creio peço a Deus
por minha gente,
é gente humilde..."

E canto com o Roberto:
"aleluia, aleluia
em tudo isso tem a mão de Deus."

(Ufa! Já não agüentava mais a alma formalista e rígida do Bispo que se vai...)

Fonte da imagem:
Blog Jamildo (da próxima vez encontro o Bispo com roupas rubronegras rsrsrs)

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segunda-feira, 1 de junho de 2009

CARTA INÉDITA DE DOM HÉLDER SOBRE O PE. HENRIQUE



Homenagem deste blogue aos 40 anos da martirização do Pe. Antonio Henrique Pereira Neto.
A foto é de um canavial da Cidade Universitária, nas proximidades de onde é, hoje, por ironia, o portão do Colégio Militar do Recife.





Carta inédita de Dom Helder Câmara narrando os tensos momentos entre a informação do assassinato e o velório do Padre Henrique Pereira, trucidado em 1969 por integrantes da ditadura militar brasileira. Na época, a Igreja Católica em Pernambuco vivia sob censura e o arcebispo costumava escrever cartas para registrar os fatos que a imprensa não divulgava. No caso do Padre Henrique, a família não pôde, sequer, publicar nos jornais o tradicional anúncio fúnebre.



À querida Família Mecejanense
Recife 27/28 de maio de 1969
525ª. Circular

De repente, às 13:30h me chega o boato de que Pe. Antônio Henrique havia sido assassinado. Procura daqui, procura dali, ele foi identificado no necrotério de Santo Amaro , onde dera entrada como cadáver desconhecido.
Estaria com sinais de sevícias incríveis: 3 balas na cabeça, uma instalada na garganta, sinais evidentes de que foi amarrado pelos braços e pelo pescoço, e arrastado... 28 anos de idade, 3 anos de sacerdote. Crime: trabalhar com estudantes e ser da linha do Arcebispo.
Coube-me procurar os velhos pais e dar-lhes a notícia terrível. No necrotério – onde ficamos até as 19hs, quando o cadáver foi liberado pelos médicos legistas – vivi uma Avant-Premiére de minha própria morte. Burburinho na sala. Gente chegando de todos os cantos. A Imprensa escrita, falada, teve ordem de ignorar o acontecimento, mas demos avisos a todas as paróquias, por telefones e recados pessoais.
Levei-o para a Matriz do Espinheiro. Escolhida sob meu divã, inclusive para causar impacto no meio independente.
Na primeira concelebração, às 21hs, tínhamos mais de 40 sacerdotes e a igreja, enorme, estava transbordante de jovens.
Dei uma tríplice palavra:
· Palavra de fé, aos velhos Pais, esmagados de dor;
· Palavra de esperança, aos jovens com quem ele trabalhava, assumi o compromisso de que eles não ficariam órfãos;
· Aos fieis que enchiam o templo – mais uma vez que a imprensa escrita e falada tinha ordem para recusar até o aviso pago de falecimento – pedi que ajudassem a espalhar que às 9hs, haverá nova concelebração, saindo o enterro, às 10hs, para o cemitério da Várzea, que é o cemitério da família.

Li então, a nota, assinada pelo Governo Colegiado, nota que a imprensa não divulgará, mas que nós tentaremos espalhar por toda a cidade, pelo País e... pelo Mundo.

1 . Cumprimos o pesaroso dever de comunicar o bárbaro trucidamento do Pe. Antônio Henrique Pereira Neto, cometido na noite de ontem, 26 do corrente, nesta cidade do Recife.
2. Com 28 anos de idade e 3 anos de sacerdote, o Pe. Henrique dedicou a vida ao Apostolado da Juventude, trabalhando, sobretudo, com os universitários.
Às 22:30h de ontem, segundo o testemunho de um grupo de casais, esteve reunido, em Parnamirim, com pais e filhos na tentativa, que lhe era tão cara, de aproximar as gerações.
3. O que há de particularmente grave no presente crime, além dos requintes de perversidade de que se revestiu (a vítima, entre outras sevícias, foi amarrada, enforcada, arrastada e recebeu 3 tiros na cabeça) é a certeza prática de que o atentado brutal se prende a uma série pré-estabelecida e objeto de ameaças e avisos.
4. Houve, primeiro, ameaças escritas em edifícios, acompanhadas, por vezes, de disparos de armas de fogo. O Palácio de Manguinhos recebeu numerosas inscrições. O Giriquiti foi alvejado. A residência do Arcebispo, a Igreja das Fronteiras, alvejada e pichada.
5. Vieram, depois, ameaças telefônicas, com o anúncio de que já estavam escolhidas as próximas vítimas.
A primeira foi o estudante Cândido Pinto de Melo, quartanista de Engenharia, presidente da União de Estudantes de Pernambuco. Acha-se inutilizado, com a medula seccionada.
A segunda foi um jovem sacerdote, cujo crime exclusivo consistia em exercer apostolado entre os estudantes.
6. como cristãos e, a exemplo de Cristo e do proto-mártir, S. Estevan, pedimos a Deus perdão para os assassinos, repetindo a palavra do Mestre: “Eles não sabem o que fazem”.
Mas julgamo-nos no direito e no dever de erguer um clamor para que, ao menos, não prossiga o trabalho sinistro deste novo Esquadrão da Morte.
7. Que o Holocausto do Pe. Antônio Henrique obtenha de Deus a graça da continuação do trabalho pelo qual doou a vida e a conversão de seus algozes.


Recife, 27 de maio de 1969.

+Helder, Arcebispo de Olinda e Recife
+ Lamartine, Bispo auxiliar e Vigário Geral
Mons. Arnaldo Cabral , vigário episcopal
Mons. Ernani Pinheiro, Vigário Episcopal



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A enorme assembléia cantou e rezou durante todo o santo sacrifício. Quando irrompeu o “Prova de Amor maior não há, do que doar a vida pelo irmão”, ouviam-se soluços...
E aqui estamos em vigília e de plantão. Há o temor de que pretendam obrigar-nos a um sepultamento precipitado e sem assistência. Em caso contrário, será uma apoteose:
Após a segunda concelebração, o enterro seguirá a pé , até o inicio da Avenida Caxangá.
O que a muitos parecia fantasia, de repente tornou-se claro para a cidade inteira. Querem que eu me proteja; que não ande só, à noite; que não durma só.
Quem disse que eu ando só? Quem disse que eu durmo só? Andam e dormem comigo, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Velam por mim a Mãe querida e José o amigo fiel... nada acontece ou acontecerá por acaso. É graça, é privilégio viver a 8ª bem-aventurança!

Bênçãos Saudosas do Dom HELDER


Fonte:
Centro Nacional Fé e Política " Dom Hélder Câmara"
http://www.cefep.org.br/noticias/carta_inedita_dom


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Ainda há mártires... Dorothy Stang



O pulmão do planeta possui sérias infiltrações
de um mal terrível
o cancerígeno capitalismo acumulador de riquezas,
o cancerígeno capitalismo destruidor do planeta.
Não há palavra possível pra dizer tamanha crueldade.
Com que imagens denunciar essa absurda realidade
?



Imagem:
Irmã Dorothy Stang, assassinada
que trabalhava com pequenos agricultores na região de Anapu, no Pará,
nenhum dos acusados de serem mandantes do crime foram punidos.
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domingo, 17 de maio de 2009

A mais velha Dama do Paço dos maracatus-nação em Pernambuco

























Ana Carmelita Teodoro

"nascida na Ilha do Leite, campo do Bahia,
e registrada no ano de 1906."



Há uns 50 ou 60 anos atrás (1940/50), morava com o "clã dos Melo", em casa de meus avós, uma cafuza, de nome Ana Carmelita. Eram amigos de infância, desde os albores do século XX, meus avós, filhos de escravos-libertos, nascidos por volta de 1895, e Ana, nascida por volta de 1906. Naquela época eram comuns os agregados em casa de família. Lavavam, passavam, cozinhavam. Era essa a função da Ana Carmelita na nossa família. Não era empregada, já disse, mas agregada.
Desse modo, viu nascerem filhos e netos dos meus avós, eu aí incluído. O que lembro, lá da primeira infância, é que quando chegava fevereiro, a negra Carmela, ou Tia Nana, como os pequenos a chamavam, sumia de casa. Eu ouvia os adultos dizendo que ela dançava em um maracatu. E nesse mês "endoidava" para fazer a fantasia, umas saias rodadas, cheias de armações.
Bem, passou-se o tempo. A Sinhá Nana foi morar com o filho e a nora. Sumiu do mapa. Perdemos ela de vistas. Meus avós faleceram. A vida seguiu.
Dia desses, agora em 2008, ouvindo um programa de rádio, chamado Maracatus, Batuques e Folia, eis que o Mestre, entre uma loa e outra, manda um abraço para Ana Carmelita, a mais velha dama de frente de Maracatu Nação da cidade do Recife. Dei um pulo do sofá. Era ela. Era a minha Tia Nana. E ele disse o endereço dela no ar: Estrada do Bongi.
O Bongi é um bairro quase central do Recife, que eu conheço bem porque fica nas imediações do meu trabalho. Fim de semana, saí à procura da velha Carmelita. Devia ser fácil. Acharia logo a sede do famoso Almirante do Forte. Lá saberiam me dizer onde achar Tia Nana. E, pra minha surpresa e sorte, nem precisei andar muito. Ela estava ali mesmo. Abandonada pelos filhos, a velhinha fora acolhida pelos donos do Almirante. Está morando dentro da sede do maracatu.
Dias depois levei minhas tias, meus pais, toda a família pra rever a velha amiga de infância. Foi lindo ver aquele grupo de meninas, todas na faixa dos 90 anos, rindo e se abraçando. Achamos a nossa ovelhinha perdida.
O Mestre Teté, filho do fundador do Almirante, então me contou da situação de penúria por que passava a agremiação e me pediu ajuda para fazer um projeto para que o Almirante passasse a fazer parte dos Pontos de Cultura, ligados ao MinC (Governo Federal) e à Fundarpe (Governo de Pernambuco).
Nunca havia feito nada parecido, mas, para ajudar a quem, tão generosamente, acolheu minha velhinha, topei. Fizemos, com a ajuda de outros amigos, um projeto despretensioso. Achávamos que os jurados nem iriam ler aquilo. Seja lá o que Deus quiser! disse-me o Mestre Teté.
Entrei como voluntário na Coordenação Técnica e dei meu email, como contato. Um belo dia, chega a boa notícia. O projeto fora aprovado!!!
Agora o Maracatu vai reformar a séde, criar cursos de dança, percussão, informática, vídeo e confecção das próprias indumentárias. Felicidade geral, para uma comunidade humilde, mas determinada e cheia de sonhos.
Viva Sinhá Nana, 102 aninhos, que, mesmo sem sair às ruas (a idade não mais permite), continua a dançar com a boneca de cêra!!!

Viva o Maracatu Nação Almirante do Forte!!!
Viva o mais novo Ponto de Cultura do Recife.

Breve na TV Brasil, mostraremos nossa força.
Nos aguardem na telinha.

Eurico
12/01/09

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Notas:
1 - Foto tirada durante a primeira reunião do Ponto de Cultura Almirante do Forte, no dia 16/05/2009, em que nossa tia Nana brincou e proseou muito, chamando a atenção para sua lucidez mental. (o clique foi de Kelly Cristina)

2 - Texto no Sítio d’Olinda publicado por Luiz Eurico de Melo Neto, ou simplesmente Eurico, do blogue Eu-lírico.


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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Redes Colaborativas e Solidárias













Missão:

Ao participar de um Curso de Gestão Cultural, promovido pelo MinC, e desenvolvido pelo EAD-DUO - Plataforma de Ensino à Distância, descobri essa maneira de ver a economia. Há muito eu já era um simpatizante dos princípios do cooperativismo e das ações autogestionárias, porém, agora envolvido com um Ponto de Cultura, tive a oportunidade de conhecer a Economia Solidária e seus fundamentos.
Nada mais justo do que me inserir nesse contexto e dar a mão a todos os que defendem essa idéia.
Portanto, a missão deste blogue é compartilhar com os visitantes, tudo o que eu puder captar sobre as redes colaborativas: links solidários, editais governamentais de financiamento, entidades que dão apoio cultural. Tudo isso será linkado na barra lateral, e, eventualmente, explicarei no corpo das postagens, como proceder para participar dos projetos da rede solidária.

Paz e fraternidade a todos!

Luiz Eurico de Melo Neto
(agente de cultura solidária)

domingo, 26 de abril de 2009

Primeira Aparição Pública do Flores da Várzea
















Aconteceu hoje, domingo, dia 26/04/2009, durante uma festa de rua, chamada Movimenta Várzea, a primeira apresentação do bloco Flores do Capibaribe, criado por um grupo de amigas e amigos do bairro da Várzea tendo à frente Antonieta Ferreira e sua filha Clarinha, compositoras do refrão abra-alas da agremiação.

A festa foi um sucesso total, tendo a orquestra sido formada por amigos do antigo Grupão da Várzea, como Zeca Baixinho ao violão, Bodinho e outros, além dos alunos e ex-alunos da Escola de Música João Pernambuco.

A 1ª Festa de Rua Movimenta Várzea teve a finalidade de comemorar o aniversário de 50 anos do professor de teatro Luís de França, ex-diretor da Escola de Música, que goza de muito prestígio na comunidade varzeana.

A festa foi muito bonita e o Bloco Lírico Flores (da Várzea) do Capibaribe cantou com entusiamo o seu refrão:



"Somos as flores desse jardim
somos as flores que existem aqui.
Somo as flores do Capibaribe
que com alegria pra vocês se exibem..."


(A foto foi copiada do blog Flores do Capibaribe e foi tirada durante a realização do 4º ensaio do bloco aos 21/04/2009.)

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