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terça-feira, 8 de setembro de 2009
Novos valores para nova civilização: ecossocialismo
"No Fórum Social Mundial de Belém se concluiu que as alternativas ao neoliberalismo e à construção do ecossocialismo não se engendram na cabeça de intelectuais ou de programas partidários ... "
...............................................................Frei Betto
No Fórum Social Mundial de Belém se concluiu que as alternativas ao neoliberalismo e à construção do ecossocialismo não se engendram na cabeça de intelectuais ou de programas partidários, e sim na prática social, através de lutas populares, movimentos sindicais, camponeses, indígenas, étnicos, ambientais, e comunidades de base.
Para gestar tais alternativas exigem-se pelo menos quatro atitudes:
A primeira, visão crítica do neoliberalismo. Este aprofunda as contradições do capitalismo, na medida em que a expansão globalizada do mercado acirra a competição comercial entre as grandes potências; desloca a produção para áreas onde se possa pagar salários irrisórios; estimula o êxodo das nações pobres rumo às ricas; introduz tecnologia de ponta que reduz os postos de trabalho; torna as nações dependentes do capital especulativo; e intensifica o processo de destruição do equilíbrio ambiental do planeta.
A segunda atitude - organizar a esperança. Encontrar alternativas é um trabalho coletivo. Elas não surgem da cabeça de intelectuais iluminados ou de gurus ideológicos. Daí a importância de se dar consistência organizativa a todos os setores da sociedade que esperam outra coisa diferente do que se vê na realidade atual: desde agricultores que sonham lavrar sua própria terra a jovens interessados na preservação do meio ambiente.
Terceira atitude - resgatar a utopia. O neoliberalismo não visa a destruir apenas as instâncias comunitárias criadas pela modernidade, como família, sindicato, movimentos sociais e Estado democrático. Seu projeto de atomização da sociedade reduz a pessoa à condição de indivíduo desconectado da conjuntura sócio-política-econômica na qual se insere, e o considera mero consumidor. Estende-se, portanto, também à esfera cultural. Como diria Emmanuel Mounier, o individualismo é oposto ao personalismo. Pascal foi enfático: "O Eu é odioso".
No seu apogeu, o capitalismo mercantiliza tudo: a biodiversidade, o meio ambiente, a responsabilidade social das empresas, o genoma, os órgãos arrancados de crianças etc, e até mesmo o nosso imaginário. Um exemplo trivial é o que se gasta com a compra de água potável engarrafada em indústria, dispensando o velho e bom filtro de cerâmica ou mesmo a coleta da limpíssima água da chuva após um minuto de precipitação.
Sem utopias não há mobilizações motivadas pela esperança. Nem possibilidade de visualizar um mundo diferente, novo e melhor.
Quarta atitude - elaborar um projeto alternativo. A esperança favorece a emergência de novas utopias, que devem ser traduzidas em projetos políticos e culturais que sinalizem as bases de uma nova sociedade. Isso implica o resgate dos valores éticos, do senso de justiça, das práticas de solidariedade e partilha, e do respeito à natureza. Em suma, trata-se de um desafio também de ordem espiritual, na linha do que apregoava o professor Milton Santos, de que devemos priorizar os "bens infinitos" e não os "bens finitos".
O projeto de uma sociedade ecossocialista alternativa ao neoliberalismo exige revisar, a partir da queda do Muro de Berlim, os aspectos teóricos e práticos do socialismo real, em particular do ponto de vista da democracia participativa e da preservação ambiental.
O ecossocialismo se caracterizaria pela capacidade de incorporar conceito e práticas de igualdade social e desenvolvimento sustentável a partir de experiências dos movimentos sociais e ecológicos, assim como da Revolução Cubana, do levante zapatista do Chiapas, dos assentamentos do MST etc.
É vital incluir no projeto e no programa os paradigmas ora emergentes, como ecologia, indigenismo, ética comunitária, economia solidária, espiritualidade, feminismo e holística.
Este sonho, esta utopia, esta esperança que chamamos de ecossocialismo, não é senão a continuação das esperanças daqueles que lutaram pela defesa da vida, como Chico Mendes e Dorothy Stang, dois lutadores cristãos que deram suas vidas pela causa dos pobres, dos explorados, dos indígenas, dos trabalhadores da terra e dos povos da floresta.
Frei Betto
Quinta-feira 26 de fevereiro de 2009
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Fonte da imagem:
Marina: primeiras passadas para a utopia
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4 comentários:
Oi, amigo.
Façamos o cossocialismo e, imediatamente, mas, primeiramente, em nós. Enquanto isto, difundamos porque, o poder não se detém, o poder se esparrama em rede onde talvez, sempre haja um oprimido e um opressor...
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A medida de reversão disto?
Não sei, ainda penso... Penso...
Ainda estou com uma frase em minha mente - Preservar a Natureza...
E a Sustentabilidade e perenidade está em preservar a natureza e isto é um conceito abrangente e bastante para que eu tome para mim este fazer que é urgente.
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Porque pensei, primeiro, de que modo eu mesmo, não estaria tentando submeter alguém que se submete.
Não seria mais seguro e definitivo ou legítimo, que ou estivesse trabalhando nos mais fracos e tementes, a condição de que ELES mesmos falassem e não cedessem sua voz não apenas a mim mas a quaisquer outrem?
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Então pensei, bem... enquanto ele não consegue, darei voz a ele, falarei aquilo que ele me disse desejar. Mas isto, em Política, não basta, não se configura como prática adequada e na inadaptação, morre-se logo.
Mesmo assim, de qualquer modo, eu estaria detendo o poder da fala de um outro que - oprimido - não se faria entender...
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Diante disto e consciente de que minha ética não me permitiria sobreviver no meio político nos moldes em que se configura a política hj.
Assim, penso, amigo querido que, antes de ser um PARTIDO estas idéias, para mim, perfeitas, precisariam, também, serem perfeitas para todos e que cada um falasse por si.
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AI, sim mas ainda talvez, alguém pudesse ser ético o bastante para representar o bem para todos, vendo-se como igual e não detendo o poder, em si e para si.
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Não sei se estou sendo coerente com o que li, mas estou sendo coerente com o que penso neste momento, se cometi algum engano, por favor me perdoe. Mas eu já
li tantas ideologias, tantas intenções notáveis, quedarem-se após a obtenção do poder, que não me ocorre que desta vez seja diferente.
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Hoje sei melhor o que sou, mas sei muito bem o que não sou, e não sou política, não posso ser isto que chamam POLÍTICA - nos moldes em que se configura hoje, ser política ou exercer a política.
Isto não apenas aqui no Brasil mas em todos os Países -
o PODER embriaga, entorpece, faz ressurgir aquilo que Nietzsche chamou de ética do ressentimento...Porque se tende a exercer, sobre outros o ressentir...Isto subverte nossa natureza porque no polo oposto do poder, subjaz a impotência.
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Então, encontrar a dose entre a vacina e o veneno, é medida que ainda não encontrei.
Apoio esta idéia porque penso que somente com o ecossocialismo, as próximas gerações não estarão penhoradas mas, enquanto isto, vou praticando em mim o ECOSOCIALISMO e maturando este EGO para que ele não se quede ao poder. Vou matutando e crescendo como ser humano, quem sabe um dia, quem sabe?!
Excelente! E São excelentes estas reflexões que propões aqui neste espaço.
Parabéns.
te admiro ainda mais.
Beijos,
Eu também, amiga! Deus me livre de partidos. Quero ser inteiro. E jamais me filiei a partidos, graças aos ceús!!!
É por isso mesmo que abro essa postagem com o que diz o Frei Betto, ao negar partidos e gurus:
"No Fórum Social Mundial de Belém se concluiu que as alternativas ao neoliberalismo e à construção do ecossocialismo não se engendram na cabeça de intelectuais ou de programas partidários ... "
......................Frei Betto
Ecossocialismo aqui no cultura solidária é só jogar algo diferente sobre a conjuntura. Não dá mais pra ficar impassível, vendo as facções de um mundo que estertora a se digladiarem pra ver quem é mais desonesto.
"Abelha fazendo o mel, vale o tempo que não voou"...
Bom dia amigo, cpiei este post para o meu blog, essa mensagem precisa ser espalhada como uma semente
obrigada!!!!
abraços
Renata
Obrigado digo eu, amiga! Fico feliz em te ver por aqui!
Abraço fra/terno.
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